Dá licença, eu sou imprensa!

Só quem já abriu passagem com uma credencial de imprensa sabe o quanto vale ostentar esse título. Os herdeiros de Gutemberg se inspiram na liberdade para fazerem do trabalho diário uma luta em busca da verdade dos fatos. Nisso, Imprensa e Direito se esbarram, pois os dois buscam objetivos muito próximos, mas por meios diferentes. O Direito, resumidamente falando, procura criar uma harmonia entre os seres através de normas que impedem que a sua liberdade cerceie a do outro. A Imprensa é a favor da exposição total, da multiplicidade e de uma obscura imparcialidade (também obscura na justiça), fazendo com que a escolha fique com cada um, o que não acontece no Direito.

Por isso os dois, além de se esbarrarem continuamente, produzem faíscas não poucas vezes. É uma relação de amor e ódio, porque um precisa do outro, mas eles se limitam.

Como gosto dos dois lados, procuro entender cada um. É impossível não ver que a Imprensa sofreu com os anos de ditadura do país, com a limitação dos jornais a cadernos de receitas. Porém, a falta de limites gera sérias conseqüências e todo pai, professor e babá sabe disso. Limites são necessários, mas não podem ser rígidos. Por isso o diálogo (tão defendido por juristas e jornalistas) continua a ser o melhor caminho.

Os jornais, revistas, as rádios e as TVs não podem se prestar a fins religiosos, violentos, fins políticos ou preconceituosos. Porque algo tão público não pode se dar ao luxo de influenciar na criação de problemas sérios. Até aí, entendo que tenha que passar por edições, quiçá, censura (calma!). Porém, daí para criar uma espécie index proibitivo com idéias derivadas dos mesmos fins religiosos, violentos, políticos e preconceituosos, considero baixaria e oportunismo. Porque, data máxima vênia, não faz o menor sentido.

Acho que o bom senso e a ética são os grandes pilares de todas as profissões. Conto com isso no Direito, conto com isso na Imprensa.

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizeis, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las.” Voltaire

Saiba mais:

Lei de Imprensa (de 1967)

Liberdade na TV

Considerações sobre a norma hipotética fundamental

Observatório de Imprensa

4 Respostas to “Dá licença, eu sou imprensa!”

  1. Gabriela Says:

    Se cada um dos campos respeitar os limites do outro (não tentando legislar de forma a cercear a liberdade de expressão X não tentando extrapolar os limites justamente impostos), imprensa e direito podem conviver harmonicamente :)

  2. Carlos Vinicius Says:

    O bom senso deve imperar sempre.
    Direito e imprensa em um mundo democrático são indispensáveis. Cada um com a sua função, mas capazes de atuarem juntos na luta pela manutenção da democracia.

  3. Marcella Says:

    Que post profundo e filosófico! Fico até com medo de fazer um comentário idiota. Por isso mesmo me limito a dizer que admiro o jornalismo e o direito, afinal são minhas primeiras escolhas profissionais.

    Continue com o bom trabalho! Adoro ler seu blog e você sabe. Desculpa minha demora, acabei de voltar de viagem e voltei a ter acesso a internet! ^^

    Beijos*

  4. João Carlos Says:

    Costumo dizer que o diploma de jornalismo (ou mesmo o jornalista sem diploma) é um tudo sabe e tudo vê. Criam na cabeça das pessoas o que elas devem pensar pronto e acabado, porque isso a eles interessa afinal só ganha quem vende jornal, revista e propaganda na TV.

    http://viagemaleatoria.wordpress.com/2009/06/17/sobre-diplomas/

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